INCA se posiciona em relação aos transgênicos e agrotóxicos
No Brasil e no mundo diversas entidades têm denunciando o avanço desenfreado do uso de agrotóxicos que são comprovadamente nocivos à saúde humana. Diversos países no mundo caminham na direção de diminuir e até proibir o uso destes produtos, porém o Brasil está avançando em sentido oposto, ocupando o primeiro lugar no consumo mundial de agrotóxicos.
Incrivelmente, a postura de agências que supostamente deveriam prezar pela biossegurança nacional, como a CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança), tem sido fraca e omissa, aprovando o avanço do uso destes produtos diretamente e indiretamente, quando libera o cultivo de transgênicos, pois a produção destes vegetais geneticamente modificados tem maior dependência no uso de agrotóxicos. O governo brasileiro, que atualmente é liderado por um partido que historicamente lutou contra a liberação dos transgênicos, tem à frente do Ministério da Agricultura uma das maiores defensoras do agronegócio e do latifúndio.
Imagem: Transgênicos e agrotóxicos caminham de mãos dadas. Fonte: Pavio.net
O INCA (Instituto Nacional de Câncer) ao logo dos anos tem apoiado diferentes movimentos e ações de enfrentamento aos agrotóxicos e junto com outros setores do Ministério da Saúde, incluiu o tema “agrotóxicos” no Plano de Ações Estratégicas de Enfrentamento das Doenças Cônicas Não-Transmissíveis no Brasil. Além disso, em conjunto com a Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) e a Fiocruz, assinou esta semana uma nota alertando sobre os perigos do mercado de agrotóxicos. O documento que tem como objetivo demarcar o posicionamento do INCA contra as atuais práticas de uso de agrotóxicos no Brasil e ressaltar seus riscos à saúde, em especial nas causas do câncer.
Neste documento, o INCA explica: “O modelo de cultivo com o intensivo uso de agrotóxicos gera grandes malefícios, como poluição ambiental e intoxicação de trabalhadores e da população em geral. As intoxicações agudas por agrotóxicos são as mais conhecidas e afetam, principalmente, as pessoas expostas em seu ambiente de trabalho (exposição ocupacional). São caracterizadas por efeitos como irritação da pele e olhos, coceira, cólicas, vômitos, diarreias, espasmos, dificuldades respiratórias, convulsões e morte. Já as intoxicações crônicas podem afetar toda a população, pois são decorrentes da exposição múltipla aos agrotóxicos, isto é, da presença de resíduos de agrotóxicos em alimentos e no ambiente, geralmente em doses baixas. Os efeitos adversos decorrentes da exposição crônica aos agrotóxicos podem aparecer muito tempo após a exposição, dificultando a correlação com o agente. Dentre os efeitos associados à exposição crônica a ingredientes ativos de agrotóxicos podem ser citados infertilidade, impotência, abortos, malformações, neurotoxicidade, desregulação hormonal, efeitos sobre o sistema imunológico e câncer.”
Esta luta não é fácil, pois envolve não somente fatores associados a saúde da população, mas é um embate direto contra interesses econômicos de setores extremamente conservadores e poderosos em nosso país e no mundo. Aumentar a informação sobre os efeitos nocivos dos agrotóxicos é um passo importante para nossa autonomia. Devemos decidir se queremos ou não continuar nos envenenando dia a dia, enquanto os agroinvestidores e seus representantes no Congresso se enriquecem às custas de nossa saúde.
Leia o documento do INCA na íntegra:
http://www1.inca.gov.br/inca/Arquivos/comunicacao/posicionamento_do_inca_sobre_os_agrotoxicos_06_abr_15.pdf
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