Regresso conservador? – Os ciclos da política nacional
O que assistimos hoje no cenário político brasileiro? Possivelmente nada mais que o movimento cíclico das forças políticas conservadoras, tão responsáveis pela estagnação dos avanços sociais promovidos pela resistência diária de parte significativa da população, responsável pelos meios de produção, e que em suas atividades garantem o funcionamento econômico do país. Portanto, não concedidos pela benevolência dos recentes governos populistas.
Essas conhecidas forças se articulam não somente através de golpes institucionais, mas de estruturas políticas garantidoras do status quo e da manutenção de privilégios de uma sociedade forçadamente “democrática” de caráter quase “estamental”. Deste modo, faz-se importante à esta reflexão, o levantamento de duas questões: Quais os reais interesses dessas novas políticas? E de que forma os governos anteriores contribuíram na produção de um cenário favorável para a realização destas? A partir destas perguntas o conturbado cenário político torna-se menos turvo, mais claro e pouco mais compreensível.
Imagem: Folha de São Paulo
Consideradas as indagações anteriores, é preciso acrescentar um fator não menos importante quando falamos de política e Estado no Brasil, visto que falamos de um país com fortes sequelas produzidas pela descendência de um regime mercantil escravista. Quando assistimos a um movimento de reintrodução de políticas de caráter conservador e liberalizantes (mais explícitas que as dos últimos doze anos) estamos assistindo a mais uma sabotagem no avanço da superação desta defasagem, e na clara manutenção de um sistema econômico que acentuou essas diferenciações sociais.
Por fim, é importante destacar o interesse desta reflexão de não apresentar respostas bem definidas, mas contribuir para o levantamento de questões que possam produzir um melhor entendimento das forças políticas em embate. Além disso, quais os ganhos postos em mesa a serem barganhados por interesses privados, em detrimento das demandas comuns à população, que a grosso modo, adotando as mais variadas posições, assistem a esse espetáculo político-midiático como dóceis espectadores, abstendo-se enquanto sujeitos políticos. Posto isso, poderíamos, a partir daí, começar a aspirar a realização do desmonte de um sistema político clientelista de “corrupção” estrutural para além dos desejos de uma classe média delirante.