Desobediência Civil em Hong Kong
Nas últimas semanas milhares de estudantes largaram as salas de aula e tomaram as ruas em defesa da democracia. Entenda por que.
O cenário
Atualmente sob a liderança de Xi Jinping, o Partido Comunista Chinês (PCC) se recusa a aceitar qualquer indicativo de reforma democrática, seja no país ou nos seus anexos políticos.
Entretanto, a ilha de Hong Kong é o único lugar onde os cidadãos chineses podem desfrutar de alguma “liberdade política”. Na ilha é possível criticar o PCC ou comemorar os protestos pro-democracia de Tiananmen em 1989.
Esta liberdade é o que alimenta o maior medo do Partido: o surgimento de alguma liderança política popular que possa confrontar os interesses de Beijing.
O estopim
No dia 31 de Agosto de 2014 o governo chinês anunciou mudanças no sistema eleitoral da ilha de Hong-Kong, pelas quais todos os candidatos para o cargo de Chefe Executivo de Hong Kong nas eleições de 2017 deveriam ser aprovados previamente por um comitê de 1,200 pessoas nomeado por Beijing.
O deputado Li Fei, ligado ao Partido Comunista Chinês defendeu a intervenção de Beijing anunciando que candidaturas abertas para o cargo gerariam uma “sociedade caótica’¹.
A resposta da ruas
Vários movimentos pró-democracia têm surgido em Hong Kong com o passar do tempo, mas o que está tendo maior destaque atualmente é o movimento Occupy Central with Love and Peace, mais conhecido como Occupy Central.²
O movimento se baseia na desobediência civil para organizar suas ações. Os seus objetivos são a reforma política e eleições democráticas que estejam de acordo com os padrões internacionais e não com a vontade do governo chinês.
Em Junho, o movimento organizou um referendum extraoficial³ sobre a reforma política. Os votantes tinham que escolher entre três propostas para as eleições de 2017, todas as quais envolviam o direito dos cidadãos de escolher quem nomear como candidato político.
Um total de 792,808 votos foi computado. O movimento anunciou que 1 em cada 5 eleitores votou, mostrando assim que possuem um forte apoio popular.
Após o anuncio do resultado, dezenas de milhares de manifestantes tomaram as ruas de Hong Kong.
¹http://bigstory.ap.org/article/china-no-open-nominations-hong-kong-leader
²http://oclp.hk/index.php?route=occupy/eng
³https://popvote.hk/english/project/vote_622/