Somos todos?
Usar “somos todos” como palavra de ordem é sempre polêmico: é tênue a linha entre a demonstração de solidariedade e a apropriação vazia do discurso por um grupo privilegiado que desconhece aquela opressão. A tal campanha “Somos todos macacos” anda gerando debates que questionam justamente isso: afinal, um termo historicamente usado pra desumanizar negros pode ser ressignificado também por brancos…? Voltam à tona questões essenciais como lugar de fala, legitimidade, protagonismo e identificação.Em meio a outros tantos casos de racismo no futebol, o ataque de ontem ao Daniel Alves me lembrou um episódio que o Galeano conta no dia 21 de junho, em seu livro-calendário “Os Filhos dos Dias”:
“No ano de 2001, acabou sendo surpreendente o jogo de futebol entre os times de Treviso e de Gênova.
Um jogador do Treviso, Akeem Omolade, africano da Nigéria, ouvia frequentes vaias e rugidos debochados e cançõezinhas racistas nos estádios italianos.
Mas no dia de hoje, houve silêncio. Os outros dez jogadores do Treviso jogaram com as caras pintadas de negro.”
Por mera curiosidade ou porque talvez possa nos ajudar a refletir: parece interessante mencionar que a esse texto ele chamou “Todos somos você”. Ver más